sábado, 1 de novembro de 2008

Crítica: O Nevoeiro

Filmes de terror são circunstanciais para discutir questões de cunho humano. O medo, que impulsiona esses longas, é essencial para dar o combustível exato de tais reflexões. E O Nevoeiro (The Mist, 2008), novo filme do diretor Frank Darabont se utiliza justamente desse pavor que temos do desconhecido para discutir questões importantes como ciência e fé.

Inspirado em conto de Stephen King, O Nevoeiro começa com um estranho fenômeno climático que derruba árvores com forte ventania, em pequena cidade norte-americana. Quando esse incidente se repete, trazendo consigo estranha neblina, um grupo de pessoas se vê presa num supermercado local.

O pavor se instala quando um homem é levado por "tentáculos". E é a partir dessa tragédia que as opiniões se dividem. Uma parte daquelas pessoas não crê se tratar de um monstro, ou alienígena. Outros defendem essa possibilidade, pois acreditam no que vêem. Em outra linha de defesa, uma mulher (Marcia Gay Harden), fanática religiosa, acredita estar vivenciando o fim dos tempos.

Várias situações adjacentes ocorrem, como a morte de alguns personagens, a invasão de insetos crescidos e uma tentativa malsucedida de fuga. O que vale mesmo neste "O Nevoeiro" é a batalha que se trava entre aqueles que, influenciados pelas palavras da neo-profeta, convertem-se ao "rebanho" e os que discordam do que classificam como alienação.

A expiação dos pecados e a negação da fé movem os transeuntes deste Nevoeiro, influenciados pelo medo do que não conhecem. Destacadamente, em situações de conflito, surgem líderes que impõem seus pontos de vista sobre os demais e, no longa-metragem de Darabont, esse confronto de idéias se concretiza de forma física, sem pender para um lado ou outro, havendo baixas de ambas as partes.

Não que O Nevoeiro fique "em cima do muro". Talvez Darabont defenda um concensso mais racional, admitindo que, da contraposição de dois argumentos opostos seja possível retirar um pensamento livre de amarras, que sejam religiosas ou políticas.

A conclusão depressiva demonstra um certo ar desesperançado do diretor na condução do "eu" na resolução da problemática mundana. Como se no mundo o individualismo e falta de crença em algo maior, que seja fé, ciência ou ambos, fossem maiores do que a esperança de que possa existir uma solução mais plausível.

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