A tônica desse filme de Alan Resnais é a solidão. É essa a percepção que temos no decorrer da história que, aos poucos, vai apresentando seus diversos personagens interagindo sobre os assuntos mais variados.
Medos Privados em Lugares Públicos mostra essa interação entre pessoas que conversam umas com as outras, umas se conhecem, outras não. O que liga esse pequeno grupo é, justamente, esse sentimento de ausência, de algo que precisa ser preenchido. De uma certa amargura, podemos dizer.
A história se passa em Paris. Começa com uma mulher conversando com um corretor de imóveis. Ela busca um apartamento mais espaçoso, com um escritório para o marido. Depois ficamos sabendo que esse casal enfrenta uma crise. Conhecemos a secretária do corretor que lhe empresta uma fita de vídeo com um desses programas bobos de domingo mas, quando visto, apresenta um conteúdo mais ousado.
No filme, também somos apresentados ao garçom, com quem o marido, citado anteriormente, fala sobre a sua vida, que também tem seus problemas com o pai idoso. Além de uma mulher (irmã mais jovem do corretor),que busca encontros casuais em anúncios de jornal.
São pequenas historinhas que vamos conhecendo, enquanto o filme vai se desenvolvendo. O veterano diretor Alan Resnais utiliza sua câmera de forma inteligente e dinâmica, com close ups, enfatizando detalhes da trama, dos próprios personagens, meio que conversando com o público a partir da sua percepção através da lente cinematográfica.
Essa pequena "comunidade" formada por Resnais reflete a sociedade moderna, com seu individualismo, suas crenças e descrenças, suas idiossincrasias, medos e inseguranças e, sobretudo, seu "ensimesmamento". As cenas que encerram Medos Privados em Lugares Públicos meio que nos dão esse sentimento, deixando a solidão bem latente.
2 comentários:
Grande Raildon! Gostei bastante do texto, aliás, adoro esse filme, apesar de não ser um fã entusiasmado de Resnais, mas deve ser louvado como um diretor diferenciado mesmo. Grande Abraço meu camarada!
Pois é, rapaz. Vi esse filme no domingo. Gostei bastante da história, da construção dos personagens. Fiquei procurando a ligação tudo aquilo que estava se passando na tela. Um bom filme, realmente. Grande abraço, Sr. Campeão da Maratona Cinéfila mais comentada de 2011! rsrs
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