Em A Aventura (L´avventura, 1960) Michelangelo Antonioni faz uso de um pretexto clássico dos filmes de suspense para discutir existencialismo.
Na sinopse, um grupo de amigos viaja de férias para uma ilha do mediterrâneo e uma das personagens (Lea Massari) simplesmente desaparece.
Um filme comum concentraria todos os seus esforços na busca da dita-cuja. Contudo, esse sumiço gradativamente vai se tornando coadjuvante na trama. É uma quebra de expectativas, já que passamos a nos interessar, sobretudo, pelo envolvimento criado entre o o namorado da sumida (Gabrielle Fezertti) e a melhor amiga (Monica Vitti), além das dúvidas que pairam sobre esse novo romance.
Lá pelo finalizinho, a personagem de Monica chega a revelar que, antes, sofria com o desaparecimento da amiga e, depois, nem sabia se queria mais que ela voltasse a aparecer!
Antonioni potencializa bem esses questionamentos, essas dúvidas, esse egoísmo que supera a própria preocupação com o bem-estar do outro. Um filme da década de 60, vanguardista, que retrata tão bem o egocentrismo dos tempos modernos.
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