domingo, 12 de janeiro de 2014

Crítica: Perfume

O diretor alemão Tom Tykwer parece gostar de filmar coisas estranhas. O ultramoderno “Corra, Lola, Corra” era dinâmico, criativo, mas também era estranho. Era uma brincadeira com tempo, destino e as consequências que nossas opções poderiam acarretar.

Perfume tanbém assume esse manto. É uma estranheza só. A história narra a trajetória de Jean-Baptiste Grenouille (Ben Wishaw), um homem que nasce com o dom/maldição de ter um olfato hiper-mega-aguçado. Capaz de sentir aromas, independente da distância do objeto, ou o que fosse. A história é narrada desde o seu nascimento, em plena mercado europeu, debaixo de uma barraca de peixe, jogado no meio do lixo.

Na infância, ele descobre o seu talento. Adolescente, passa a trabalhar com um mestre na arte da perfumaria (Dustin Hoffman), emprego que só consegue após mostrar ter capacidade superior ao do seu patrão. A obsessão de Jean-Baptiste em captar todas as essências do mundo o leva para uma cidade conhecida pelos avanços nesse processo. É a busca incessante pelo aroma ideal, que o anti-herói suspeita vir do corpo de mulheres mortas. E ele não descansa enquanto não atingir sua macabra meta.

Jovens passam a ser capturadas e assassinadas, mas jamais violadas. Não há portanto busca sexual, aparente, mas o filme é indiscutivelmente sexual. Jean-Baptiste evoca a beleza mórbida exalada pelos cadáveres das suas vítimas e procura extrair dos seus corpos uma essência tão íntima que todo o ritual parcce mesmo um ato de amor. Por mais bizarro que possa parecer, é essa a impressão deixada por Tykwer. O clímax em praça pública, com a comentada e aguardada cena do orgasmo coletivo, deixa isso bem nítido.

“Perfume” demonstra habilidade em lidar com odores numa arte que não permite essa sensação, por ser preponderantemente áudio-visutal. Contudo, repare que durante a sessão você mesmo, enquanto público, tenta identificar os aromas a sua volta. Sinistro!

Avaliação: 

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