Toda a situação se desdobra em cima de um acidente. Um homem que fazia escavações fica preso numa mina e Charles Chuck Tatum (Douglas) que fazia matérias triviais no local vislumbra a chance de ouro de dar uma guinada na sua combalida carreira. Sua ação imediata é passar as informações do ocorrido para o pequeno jornal que trabalha. Um furo de reportagem que se espalha por todo o país.
Tatum consegue fazer contato com esse homem. Descobre até que seria possível minimizar seu sofrimento. Mas quando uma equipe de resgate orienta sobre qual a melhor maneira de salvá-lo, o jornalista manipula toda a conjuntura a fim de prorrogar aquele momento.
Jornalistas e curiosos de toda a parte logo se alojam nas proximidades da montanha para extrair o máximo de informações, as quais Tatum possui controle e monopólio. Wilder, sabiamente, monta um picadeiro de circo, com a exploração da comoção popular, a venda de bugigangas temáticas e até a criação de uma trilha sonora. Um espetáculo antropofágico de cobertura sensacionalista que tem como meta a obtenção de dividendos e a orientação das massas.
A Montanha dos Sete Abutres mostra a facilidade de desviar a atenção do público segundo as conveniências dos meios de comunicação. Hoje, esse efeito midiático é bem mais poderoso com os recursos instantâneos de propagação das notícias. Redes de televisão conseguem transmitir em tempo real casos como o seqüestro de Eloá, acompanhados ostensivamente por um público sedento por novos espetáculos. Divulgando de forma minuciosa os pormenores da ação e a vida completa daqueles personagens da vez.
Essa mesma platéia não hesita em abandonar aquele material, quando outro mais sensacional toma a atenção e mais rápido ainda é o esquecimento. Atualmente, pouco se fala no caso Isabela Nardoni. Na época, a dissecação detalhista do caso chegava a provocar ojeriza, banalizando toda uma problemática chocante que virou hit do Youtube e provocou a formação de várias comunidades de discussão no Orkut.
Esse jornalismo fast-food dura enquanto há a devida atenção. Quando a poeira baixa, os holofotes se voltam para a exploração de outros assuntos, até que surjam novas Isabelas ou Eloás no caminho.
A discussão proposta neste A Montanha dos Sete Abutres é pertinente e atual. Óbvio que a Mídia só divulga de acordo com a fome do seu público. Mas será que essa platéia não foi treinada, ao longo do tempo, de buscar o novo, o “sensacional”. Ou será que essa curiosidade mórbida faz parte da própria condição humana?
Independente disso, o filme de Billy Wilder, pelo menos, é uma obra ficcional que ri de toda essa situação. Na vida real, contudo, a desgraça alheia não tem a mínima graça.
Avaliação: ★★★★1/2
2 comentários:
nunca vi...mas gostei do que disse!vou procurar assistir!
Sem querer ser repetitivo,tenho novo selo pra você!!Um bem legal...vale ate caricatura!Veja lá!!
Olá, aceita ser meu parceiro de blog? Aguardo resposta e ofereço-lhe no www.humbaz.blogspot.com um selo agradável.
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