Seria uma representação fílmica do ventre materno,
evidenciando, posteriormente, a impressão de que os personagens estivessem no
escuro e só a partir do nascimento, que poderia ser representado pela nitidez
da imagem, passassem a ter a noção exata do que é "sentir" e que essa
busca pelas sensações fosse o norte das suas vidas.
Essa cena é observada por uma criança que, mais tarde,
terá papel fundamental nessa história e onde os tipos escolhidos e suas
narrativas terão ligação direta com o tema principal: os sentidos e nossa
percepção deles, em relação ao mundo.
E é essa a temática principal de um filme que não tem aquela preocupação do cinema comercial em mostrar personagens padrões em cenas vendáveis ou com o êxito da sua bilheteria. “Os Cinco Sentidos” é uma experiência lenta, que nos dá tempo para conhecer aquelas pessoas e que aproveita as variáveis oferecidas pela linguagem cinematográfica de forma a provocar um deleite visual e intelectual no expectador, meio que impulsionando os sentidos.
E é essa a temática principal de um filme que não tem aquela preocupação do cinema comercial em mostrar personagens padrões em cenas vendáveis ou com o êxito da sua bilheteria. “Os Cinco Sentidos” é uma experiência lenta, que nos dá tempo para conhecer aquelas pessoas e que aproveita as variáveis oferecidas pela linguagem cinematográfica de forma a provocar um deleite visual e intelectual no expectador, meio que impulsionando os sentidos.
Para tanto, o diretor nos permite uma apreciação cheia de
detalhes onde a câmara passeia pelos cenários e pelos elementos de cena com
cuidado e dedicação. O objetivo é óbvio: dar ao público a chance de perceber o
que está a sua volta sem a urgência dos tempos modernos. Nem sempre temos essa
oportunidade, visto que, os filmes atuais, em especial, os que visam o lucro
preferem optar pelas sensações instantâneas e esquecimento posterior ao acender
das luzes da sala de cinema.
Não há, por aqui, o impacto do cinema de franquia e aquela
sensação de segurança oferecida pela indústria cultural onde, segundo Zygmunt
Bauman, "as pessoas não estão apenas, como diz o ditado, caindo numa
farsa... elas querem ser enganadas, sentem que suas vidas seriam totalmente
intoleráveis tão logo deixassem de se apegar a satisfações que nada
significam".
A tônica que se destaca nessas histórias é a do sentimento
do indivíduo que procura acompanhar o movimento dos nossos tempos, como se o
próprio estivesse deslocado de uma realidade imposta por essa obsessão pela
urgência. Uma esperança que parece perdida, entre os personagens de “Os Cinco
Sentidos”, que nos passam essa insatisfação nessa busca incansável pelos
sentidos.
“Tornar as coisas diferentes, mantê-las em movimento, é o
que realmente conta: são a mudança e mais ainda a confiança e a decisão de que
as coisas podem ser mudadas que mantêm viva a esperança da satisfação”, afirma
Bauman.
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