Só o fato de querer realizar um filme, saindo da zona de conforto de apenas degustar o prato alheio, já é salutar e merece reconhecimento, tendo em vista a própria falta de tradição regional na produção cinematográfica.
Com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, estudantes do 3º período do curso de Direito da UFRN arregaçaram as mangas para contar a história do cangaceiro mais famoso do Nordeste sob a perspectiva do julgamento divino do personagem após sua morte, numa clara referência ao “Auto da Compadecida”, do escritor Ariano Suassuna.
O filme é fruto de um estudo da obra filosófica “Confissões” de Santo Agostinho, ministrada pelo professor Marcus Vinícius, que dirige o filme que também tem a co-direção do jornalista Wanderley Filho (TV Seridó).

A sequência utiliza efeitos especiais “toscos” com o espirro de sangue (ecos do Kill Bill de Tarantino, Sr. editor, Jefferson Dutra?) que dão um ar trash a esse combate.
A seguir, temos imagens de Virgulino entrando numa igreja. Antes de ser julgado ele clama pela intercessão de Padre Cícero confrontado pelo Diabo (que surge envolto à trilha pesada e ar propositalmente caricatural). E é desse embate que surge uma questão que fica martelando na cabeça. Afinal, Lampião seria apenas uma vítima da chamada “Lei do Sertão”?
É essa dúvida que fica bem clara, sobretudo nas cenas em flash back que mostram a miséria que Lampião teve que encarar na infância, o assassinato do seu pai e outras mazelas que o teriam colocado no mundo do crime.

Um Robin Hood sertanejo que tira dos ricos para dar aos pobres? É essa a impressão que temos ao ver Confissões de Virgulino Lampião – A Saga do Seridó.
Seguindo essa linha de pensamento, o filme apresenta uma tese que divide opiniões, tomando partido pela redenção de Virgulino. Seria uma crítica ao status quo dominante na região, onde o coronelismo, mesmo que disfarçado, ainda impera de uma forma ou de outra?
LANÇAMENTO
As Confissões de Virgulino Lampião - A Saga do Seridó será lançado nesta quinta-feira (13), às 19 horas, no Auditório do Fórum de Caicó. Entrada gratuita. A seguir, o filme será disponibilizado no Youtube.
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