sábado, 2 de abril de 2011

Crítica: Sucker Punch

Zack Snyder é um fanfarrão. Faz cinema para se divertir. Basta dar uma olhada na filmografia do diretor: Madrugada dos Mortos (2004) , 300 (2007), Watchmen (2009), A Lenda dos Guardiões  (2010) e, agora, Sucker Punch (2011). Filmes de zumbis, inspirações em HQ, animações, tudo com a marca registrada do cineasta: o apuro visual.

E a estreia de Sucker Punch guardava muitas expectativas. Ambientado na década de 50, o filme mostra uma garota (Emily Browning)  internada em sanatório pelo seu padastro, após a morte da mãe e da irmã, que busca na sua mente refúgio de uma realidade dolorosa.

A publicidade feita em cima do filme aproveitava garotas bonitas em trajes sumários e com arma em punho. Ou seja, um "sexy-movie-surreal" com todos os aperitivos possíveis para encher as vistas cinéfilas.

Bastou o filme estrear para os críticos torrarem o filme (19% de comentários positivos no Rotten Tomatoes). As bilheterias também não estão rendendo o que se esperava. Na primeira semana, geralmente onde se arrecada mais, Sucker Punch titubeou com meros 30 milhões em todo o planeta. Praticamente 1/3 do que foi investido (85 milhões de dólares), o que vem frustrando as expectativas dos produtores.

Conferido, não é tão difícil entender esse resultado abaixo do esperado. Sucker Punch é o típico produto que ousa invadir os submundos da mente, em três vertentes narrativas.

Nesse aspecto, o filme  suga muito de A Origem (2010). Os delírios da protagonista Baby Doll (Browning) parecem bem alinhados com o filme de Christopher Nolan no seu aspecto "sonho real", todavia o filme de Snyder erra ao não dar substância às tramas sugeridas, apostando, apenas, no superficial.

Falta desenvolvimento ou uma conexão mais segura. Há apenas o transporte de uma "realidade" para outra catalisada a partir de situações-limite.

Snyder se utiliza de todos os manejos de câmara para sinalizar seu capricho no trato das imagens. Realiza várias acrobacias, excitando o olhar, sem oferecer o que se espera em histórias desse porte. Ou seja: o diretor dá o gancho para as histórias se desenvolverem a partir da própria "fuga" da realidade vivida pela personagem, contudo erra a mão justamente no que deveria interessar mais: o roteiro. Sucker Punch é bonito de se ver, mas ruim de absorver.

Para Zack Snyder, Sucker Punch, enfim, pode ser apenas pura diversão. Para o público que esperava o tão alardeado "algo a mais", o longa-metragem aparenta ser mais um brinquedo tecnológico que não vingou. A próxima empreitada do diretor é a revitalização da franquia Superman. Uma aposta que requer cálculos planejados e onde os investidores não enxergam com bons olhos tombos aleatórios, como esse de Sucker Punch.

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