sexta-feira, 3 de abril de 2015

Crítica: Showgirls


Considerado um dos piores filmes de todos os tempos, vencedor de vários Framboesas de Ouro, fracasso de crítica e bilheteria, só hoje, vinte anos após o seu lançamento oficial, decidi conferir Showgirls (1995), do diretor Paul Verhoeven. 

E, por incrível que pareça, não achei o filme de todo ruim. Pelo contrário. Showgirls poderia, muito bem, ser a reedição da trama às avessas da jovem sonhadora, incauta, que busca o estrelato num meio podre, mas consegue conservar sem máculas morais a sua dignidade. 

A trama, que tem ecos de A Malvada (All About Eve, 1950), de Joseph L. Mankiewicz, conta a história de Nomi Malone (Elisabeth Berkley) que chega a Las Vegas em busca do sucesso, consegue uma vaga como stripper e ascende ao posto de estrela. 

Em várias ocasiões, ao ser confrontada sobre suas escolhas profissionais, a personagem reforça o discurso de que não se vê como uma prostituta. Fato que a atual estrela do show, Cristal Connors (Gina Gershon), rebate continuamente, com joguetes e ironias, como se tentasse arrancar a máscara moral de Nomi e provasse como ambas agem de forma semelhante. 

Verhoven abusa de cenas de nudez gratuita: seios à mostra, movimentos pélvicos em cenários e atuações "over", que transmitem emoções frias, apesar do apelo cercado de erotismo. É justamente o anti-sexo, ou o seu lado mais corruptível ou comercial. 

Para atingir os seus objetivos, Nomi não titubeia em agir dubiamente, segundo as regras do que parece ser extremamente comum naquele ambiente. E se há olhares atravessados ou julgamentos de valor, tudo é absorvido com o tempo, revelando a real condição de toda aquela selva amoral.

Só pelo fato de Paul Verhoeven não ter tido nenhum receio de filmar essa saga ao seu jeito, sem preocupação alguma em abrir a "Caixa de Pandora", Shorgirls vale um segundo olhar ou uma apreciação mais minuciosa. 

Avaliação: ★1/2

Nenhum comentário: