domingo, 11 de maio de 2008

Crítica: Cidade dos Sonhos


O que é real em Cidade dos Sonhos? Essa é uma pergunta que fica martelando na nossa mente durante toda a exibção desse filme de David Lynch.

Com uma trama que deixa o público encucado com o que vê, Lynch tenta transportar aquela reação transitória, entre o dormir profundamente e o acordar, para a tela do cinema. Nesse jogo, o irreal confunde-se com o que se entende por realidade. Seria essa a proposta de Cidade dos Sonhos?

No filme, uma mulher (Laura Harring) sofre um acidente e escapa da morte. Perde a memória e passa a conviver com uma candidata a atriz (Naomi Waits). Como Persona de Ingmar Bergman, não demora para você tentar descobrir quem é quem.

Vários questionamentos são colocados em cena, como se Lynch estivesse realmente preocupado em resolvê-los. Em vez disso, o que entendemos por continuidade narrativa se torna uma sucessão de absurdos com uma bela e estética “nonsense”. Tudo engana, e em Cidade dos Sonhos, não se admire, você quer ser ludibriado.

Propondo uma viagem cinematográfica, o diretor de A Estrada Perdida brinca de manipular o público com a falta de lógica nas cenas subsequentes. Uma falta de objetividade que termina fazendo uma crítica feroz ao palco de ilusões do panteão que é Hollywood.

Diante desse conceito, o filme de David Lynch lembra Crepúsculo dos Deuses de Billy Wilder, que mostra atriz veterana (Gloria Swanson) vivendo das memórias do seu estrelato. Por não aceitar sua própria decadência, a personagem termina embriagada com a sua própria loucura. E é esse o aspecto que mais encanta nessa cidade dos sonhos.

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