O que seria da rainha do grito, Jamie Lee Curtis, sem o seu irmão psicótico Mike Myers (Halloween) para atanazar-lhe o juízo? E a Sidney Prescott (Neve Campbell), protagonista da trilogia “Pânico”. Como driblaria o tédio sem o seu incansável perseguidor mascarado sedento de sangue? E as pobres vítimas de Jason, Chucky e cia. O que seria de suas vidas sem os seus antagonistas?
Certamente, esse pessoal não teria grandes problemas. Ou melhor, no mundo do cinema eles nem teriam razão para existir. Afinal, são os seus algozes sádicos que eliminam a monotonia de suas existências. Além de, é claro, nos fazer “torcer” por alguém. Não, necessariamente, pelos mocinhos...
É por isso que o cinema de horror sobrevive de um paradoxo. Não há como negar o apelo, até sentimental, para com os heróis. Todavia, são os vilões que dão verdadeira razão aos seus gritos, lamentos e correrias. Dessa forma, o sucesso de uma franquia depende,e muito, do poder de fogo do malfadado anti-herói.
E em matéria de carisma, Freddie Krueguer, de “A Hora do Pesadelo (Nightmare On The Elm. Street), é mestre. Tendo em vista as inúmeras seqüências (algumas, dispensáveis) e a longa vida do personagem –ao lado do seu companheiro Jason – o que o tornam um verdadeiro “franchise”.
Na primeira aparição de Freddie, o diretor Wes Craven trouxe para a realidade o medo subconsciente que todos temos dos inevitáveis pesadelos. O terror de Craven estava ali, próximo a ponto de um simples cochilo custar uma vida. Pois, Krueguer ataca suas vítimas enquanto estas dormiam vulneráveis, e num mundo onde ele ditava as suas próprias regras.
No roteiro, os jovens de Elm. Street são acometidos por pesadelos em comum, onde um homem de rosto desfigurado, blusa verde e vermelha, e garras horrendas, os perseguia como se estivesse em uma caçada.
À luz do século 21, nota-se que o essencial da trama ainda é bastante copiado nas produções recentes. Porém, “A Hora do Pesadelo” provoca sustos honestos sem deixar de lado o humor cínico e doentio de seu protagonista, marca registrada de Freddie que, nos outros filmes, foi realçado. Claro que, naquela época, era bem mais fácil se assustar com filmes de terror. Talvez, devido ao ineditismo das histórias. Hoje em dia, esse mesmo público se encontra cansado com as constantes repetições (cinesséries, etc.) e métodos, cada vez menos criativos.
Sendo assim, filmes como “A Morte do Demônio”, de Sam Raimi, e o próprio “A Hora do Pesadelo” pertencem a uma safra de produções onde o cinema era bem mais assustador. Onde os sustos não se limitavam a aumentos de som inesperados e vilões descartáveis. Onde o medo do além parecia real, e o “apagar das luzes” após a projeção era uma tortura maior do que as machadadas vistas na tela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário