Revirando o meu Baú de Críticas, decidi publicar alguns textos antigos aqui no blog. É bastante interessante reler esses artigos e comparar a visão de ontem e de hoje que tenho sobre o cinema.Início essa série com a postagem do filme Três Reis de David O. Russel. Assim que possível, vou tentar rever esse filme para ver quais pontos seriam abordados numa crítica atualizada..
Três Reis tem início com o fim da guerra do Golfo,
quando os americanos estão comemorando a vitória contra Saddan Hussein
em clima de festa com muito som e bebedeira. Mas isso é apenas
pretexto para uma boa trama que mistura aventura e humor negro nesse que
é um dos filmes mais interessantes de 1999.
O major Archie (George Clooney) e mais um pequeno grupo de soldados aventureiros
(Troy, Chief e Conrad) vão em busca do ouro pilhado pelas tropas
iraquianas no Kuwait. O mapa que leva a esse tesouro foi encontrado
num lugar "diferente". O que só vem reforçar o
humor negro explícito em toda a narrativa.
Sem avisar o resto da tropa,
esses aventureiros seguem o mapa e vão parar numa espécie de
aldeia no meio do deserto chamado Karbala. Lá eles encontram um
grupo de civis refugiados, famintos e desesperados, que os trata como
verdadeiros heróis de um mundo livre, afinal, "é o espírito da
liberdade americana que impera nessa guerra".
Quando eles encontram o
ouro resolvem se mandar, mas a consciência bate a porta quando eles percebem que os civis vão ser mortos pelos soldados iraquianos.
Quebrando o pacto de cessar fogo, resolvem interferir no lugarejo e
levar com eles os civis. É o começo da aventura para estes militares que
queriam alguma ação pois, como o resto do mundo, eles tinham visto a
guerra apenas pela TV, com os seus bombardeios em flash e o chamado show
pirotécnico.
Dessa proximidade entre soldados e civis é que
surge a essência de Três Reis: mostrar o horror da guerra e as pessoas que nada tinham a ver com a história, mas acabaram "pagando o
pato". A ideia é basicamente essa: a intervenção americana teve um fator preponderante: o petróleo Kuwaitiano. Até o próprio presidente Bush (na época) é
citado de forma, muitas vezes, irônica.
Com cenas de impacto
visual, como a bala penetrando o corpo humano - fato que gerou bastante
polêmica, pois foi cogitado que o diretor David O. Russel teria usado um
cadáver na cena - e um humor ácido, Três Reis é uma opção acima da
média.
Com pouco tiroteio e bons diálogos, é uma aventura esquerdista
que critica a forma como os ianques louvam a si mesmo - tão realçado em
bobagens como Independence Day. Dessa forma, o filme diverte e
dá outro ponto de vista de uma guerra de interesses vista apenas por um
dos lados e esquecida, ou "não apresentada", pelo outro.
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