quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A Cela e o efeito MTV

Na era da MTV é comum apelar ao efeito visual para dar uma recauchutada nas produções cinematográficas. É um excelente
recurso, especialmente quando não compromete a trama (que é o essencial, claro!). Pois é justamente o conteúdo o mais comprometido em "A Cela", uma mistura de suspense fantástico com ficção científica, estrelado por Jennifer Lopez, e dirigido pelo "clipmaker" Tarsen Singh (produtor de "Losing My Religion", do REM).

A premissa é interessante (mas não deixa de ser batida): psicóloga aplica método revolucionário de invasão de mentes (!?) para adentrar no subconsciente de psicopata e descobrir o paradeiro de mulher presa em uma cela prestes a inundar - inútil dizer que isso é apenas pretexto para um desfile de imagens sensacionais.

Desse modo, um tema bacana de ser explorado (a mente alheia) é tratado com bastante superficialidade.Os personagens são apáticos, para não dizer, dispensáveis. Temos um agente do FBI que, no passado, sofreu uma decepção no trabalho e agora quer se compensar, e um "serial killer clichê" (por que será que todo maluco de plantão teve que sofrer abusos na infância?).

Mas o que enfraquece mesmo "A Cela" são as suas histórias paralelas. Na medida em que a câmera de Singh percorre a mente de seus personagens temos uma verdadeira mostra de tudo o que o dinheiro pode comprar (foram investidos mais de 33 milhões de dólares por aqui), mas quando ele volta sua perspectiva para o mundo "real" chega a decepcionar.

Convenhamos "A Cela" não é ruim, pelo contrário, é um bom programa para passar o tempo, mas fica tão preso no visual, quase hipnótico, que o destino da vítima (a motivação inicial) é relevada a segundo plano. Não há uma congruência de emoções, e quando Singh tenta fazer isso (no final) mete os pés pelas mãos.

Por isso, ao sermos apresentados a um mundo onírico "A Cela" cumpre o seu papel, falta apenas coerência e, quem sabe, experiência e uma direção mais segura.

Um comentário:

Anônimo disse...

Deve ser um bom filme. Valeu pela indicação.
Vassili