segunda-feira, 26 de julho de 2010

Crítica: Morangos Silvestres

Em Morangos Silvestres (Smultronstället, Suécia, 1957) o diretor sueco Ingmar Bergman faz, além de uma reflexão existencialista, um tratado sobre a morte, a vida e as nossas escolhas.

Podemos ser solitários ou adiar o isolamento. Nossos erros podem provocar os erros dos outros. Medos e inseguranças podem perpetuar por gerações.

Nas lembranças do velho professor Isak Borg (Victor Sjöström), prestes a ser homenageado pelos cinqüenta anos de vida profissional, Bergman promove uma viagem até a universidade onde ele receberá o referido título. No caminho, reminiscências e a interação com outras pessoas irão provocar o questionamento do fim de uma vida que não acabou, mas pode nem ter valido a pena.

E como a morte é freqüente em cada fotograma de Morangos Silvestres! Bergman nos dá essa bordoada em códigos que se confundem. Realidade? Ficção? A dor de viver ou de enfrentar a vida? A acomodação? O Egoísmo?

Morangos Silvestres, enquanto objeto reflexivo, reflete o nosso ego. Como naquele momento em que Isak Borg olha para o passado sem jamais conseguir enxergar sua versão jovem, pois ela não mais existe. Foi soterrada por uma trajetória de desenganos.

O filme é melancólico, mas não é pessimista. Em sua veia crítica a trama apenas aponta para os recônditos escondidos sob a carcaça dos velhos galeões. E, apesar da sua aparente dureza, o que se sobressai é uma poesia cheia de vida.

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