Curioso, esse conceito de identidade proposto em “O Céu de Suely”. Karin Aimouz, o diretor, filma a história de Hermila, interpretada por uma atriz de mesmo nome. De volta ao Nordeste, com um filho a tiracolo e, posteriormente, abandonada pelo marido, a personagem se vale do cruel pragmatismo de “rifar” o próprio corpo, oferecendo uma noite de prazer, para conseguir dinheiro, no intuito de sair daquele lugar.
Para levar seu objetivo adiante, escolhe o pseudônimo “Suely”, assim assume uma máscara. Busca, certamente, uma autopreservação. Esse conceito de nomenclatura aspira fortalecer o elo ficção-realidade. Havendo, a seguir, uma desconstrução dessa ideia.
Enquanto “Suely”, Hermila exibe uma armadura. Não se abala com as críticas ou o desprezo da sociedade. Sua tábua é o irreal.
O que fica martelando na nossa cabeça é até que ponto a interseção Hermila/Suely deixará marcas no seu subconsciente? Suely não possui vida, identidade, ou coisa parecida. Foi criada com um propósito.
As conseqüências das suas atitudes só sentiremos na cena em que ela deve entregar o prêmio ao vencedor. Momento filmado por Aimouz com desconforto e particular tristeza. A escapatória física de Hermila não adiantará tanto, já que “Suely”, de opção, se tornará um fantasma presente e, de certa forma, emblemático.
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