“Pequena Miss Sunshine” é um filme sobre perdedores. Tema caro ao cinema ianque, já que sempre que alguém se aventura pelo estilo é recoberto de elogios e tapinhas nas costas.
O conceito desse tipo de longa é mostrar um lado mais “humano” do norte-americano pouco visto na telona, certamente por não dar tanto ibope. É cinema para quem quer ir além do jogo de luzes e da barulheira dos multiplexes.
Primo de “Miss Sunshine” é “Beleza Americana”, primeiro filme do diretor Sam Mendes, laureado com vários prêmios, entre eles o Oscar de Melhor Filme. Basicamente, os dois tratam do mesmo assunto, sendo que “Beleza” se arrisca mais apostando na libido reprimida e na hipocrisia da classe média daquele país, enquanto “Sunshine” apenas esboça uma reação ao American Way of Life, sem se aprofundar nas discussões.
Basicamente, a trama persegue a história de garotinha que viaja de um canto a outro do país, juntamente com sua família problemática, para participar do concurso Miss Sunshine do título.
Vai naquela onda do road-movie (filme de viagem) em que conhecemos mais um pouco dos personagens, convivendo com seus humores, neuroses e idiossincrasias. Em “Miss Sunshine” há desde o pai repressor ao tio suicida. São vários tipos, cheios de defeitos e vivendo algo mais próximo do que podemos chamar de vida.
O filme, aliás, é muito bem conduzido. Sem pressas ou atropelos, como comumente se faz. Quando chegamos à esquisita conclusão da história já estamos bem acostumados com a trupe e até comungamos com seu desfecho quase anárquico, na verdade, familiar.
Mas, convenhamos, “Pequena Miss Sunshine”, mesmo com suas limitações, é uma pequena jóia. Uma bordoada light na dieta gordurosa dos blockbusters da indústria. Bacana de se ver e, ao seu modo, reflexivo.
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