Contado em quatro atos, divididos pelas estações do ano, a história é narrada a partir de um casal de meia-idade (Ruth Sheen e Jim Broadbent) e a sua convivência com parentes e amigos.
As alegrias e os fracassos da vida dessas pessoas são compartilhadas de maneira delicada com o público através das lentes de Leigh. O cineasta pontua pequenos e banais acontecimentos no decorrer da trama, para conhecermos um pouco mais da vida de cada um, fomentando um sentimento de empatia.
Há um teor melancólico em Um Ano a Mais, principalmente na história de Mary (Lesley Manville), amiga da família, vinda de casamentos fracassados e com dificuldade de aceitar que está envelhecendo.
Solitária, ela aproveita os almoços familiares para flertar com o filho do casal Joe (Oliver Maltman), bem mais jovem do que ela. Quando num desses encontros ele apresenta a namorada (Karina Fernandez), Mary age de forma indelicada e agressiva com a mesma. Uma cena desconfortável até para quem apenas acompanha o filme.
Os filmes de Mike Leigh são sensíveis e Um Ano a Mais ressalta o contraste da vida em todas as suas tonalidades. A cena final é tocante. A câmera percorre a sala de jantar, mostrando mais um encontro de família. Um a um até parar em Mary. O som baixa e o enquadramento foca em seu olhar solitário. Como se quisesse mostrar quando uma pessoa se sente sozinha no meio da multidão. A tela escurece e os créditos sobem. Triste, mas de uma rara beleza.
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