sábado, 22 de fevereiro de 2014

Crítica: Robocop (2014)

Na melhor cena de Robocop (2014), Alex Murphy (Joel Kinnaman) encara a realidade ao ver o que resta do seu corpo, após a explosão que o mutilou. Transformado em máquina para sobreviver esse Frankenstein moderno bem sabe que, a partir de agora, nada mais será como antes.

Esse arco dramático é o que dá força à releitura do policial do futuro, comandada por José Padilha. É o dilema de ser meio homem, meio máquina, de ter consciência dos seus atos ou se tornar um mero produto de uma grande empresa que utiliza a segurança para vender suas máquinas hiper-modernas ao Estado.

O filme se passa no ano de 2028. Uma lei norte-americana proíbe a utilização de robôs para garantir a segurança da população. A imprensa tendenciosa mostra os resultados mundo afora do êxito dessa empreitada e, quando algo dá errado, caso da sequência inicial, basta manipular a informação.

A questão é que a sociedade americana aprova esse regimento, levando em conta o fato de que uma máquina não tem livre arbítrio para decidir o que é certo e o que é errado. A corporação responsável pela criação dos drones decide criar um robô conduzido por um homem e, quando o detetive Murphy sofre um atentado, é a deixa para testar o novo produto, transformando-o no Robocop.

Há vários questionamentos importantes nesse filme que privilegia mais a crítica social do que a ação em si. A trama mostra a corrupção dentro da própria polícia, a ganância das grandes empresas e a conivência da imprensa e da política, formando uma grande teia de manipulação da opinião pública, em prol dos seus interesses particulares.

Méritos para José Padilha que conseguiu produzir um filme ácido, que faz uma atualização certeira do clássico de Paul Verhoeven.

Avaliação: ★1/2

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