sábado, 10 de janeiro de 2009

Anti-Herói Americano

Harvey Pekar não escreve sobre super-heróis, ameaças atômicas ou fatos inexplicáveis. Sua narrativa é sobre a vida real. Ele escreve sobre o cotidiano das pessoas, suas alegrias e frustrações. Dessas observações, ele extrai uma poesia mundana, pouco significativa a olhos nus, mas com realces simbólicos e expressivos.


Exibindo um olhar calculadamente cínico sobre o mundo e, em especial, sobre a América ele é o autor da série em quadrinhos American Splendor, lançada em 1976, e adaptada de forma vigorosa para as telas do cinema, em 2003, com o título Anti-Herói Americano.

Centrando sua visão sobre os norte-americanos anônimos, a publicação ganhou notoriedade ao dar voz e sentido ao anonimato e criticando a soberba da cultura opressora de um país, onde o espírito de superação subjuga a individualidade.

No filme, acompanhamos a trajetória de Pekar (Paul Giamatti), arquivista de hospital, desencantado com a vida e abandonado pela esposa que o classifica como medíocre. Inspirado no trabalho do cartunista Robert Crumb, ele galga espaço no mercado underground de HQ, com seu olhar idiossincrático sobre o mundo.

Dirigido pelos documentaristas Shari Springer Berman e Robert Pulcini, o filme se utiliza de artifícios de montagem onde a tela parece revista em quadrinhos. E até o Harvey Pekar real em diversas seqüências interage com o que vai acontecendo, chegando a se encontrar com seu alter-ego fictício, num saboroso exercício de metalinguagem.
Avaliação: 8,0

Um comentário:

Gustavo Zago disse...

Raildon...passa no meu blog depois para ver o meme que te indiquei!Veja lá pra vc ver as regras...
abração!