As marcas do passado, as alegrias perdidas e a degradação são alguns dos pontos apresentados por John Ford em Como Era Verde Meu Vale (How Green Was My Valley), clássico de 1941, vencedor de cinco prêmios Oscar, inclusive melhor filme, quando bateu Cidadão Kane de Orson Welles o que, para muitos, significou uma prova incontestável do conservadorismo da Academia.
Baseado no romance de Richard Llwellyn, o longa-metragem conta a trajetória da família Morgan. O clã, e os demais moradores daquele vale, sobrevivem do trabalho numa mina de carvão. Ford nos apresenta as vicissitudes de grupo familiar, levando em conta os aspectos trabalhistas, os dramas e a forma como aquele local que antes transbordava alegria foi perdendo seu brilho exterior, até apagar.
Seus aspectos dramáticos incluem uma forte crítica social aos valores capitalistas, já que os trabalhadores enquanto instrumentos do enriquecimento burguês perdem o seu valor, diante da oferta implausível dos mais desesperados. Ainda há farpas acerca da hipocrisia religiosa e da depredação ambiental.
A fotografia bucólica (em preto-e-branco) de Arthur C. Miller ofusca nossos olhos. Mesmo porque a ausência de cores jamais impede de termos a noção da beleza plástica que imperava naquele lugar. Da mesma forma a sua destruição é ressaltada em fotogramas sujos de poeira, carvão e fuligem.
Um belo, triste e reflexivo filme.
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