domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crítica: Enterrado Vivo

O cinema, enquanto ilusão de ótica, possui essa capacidade de nos ludibriar e fazer acreditar realmente naqueles breves instantes vividos dentro da sala de projeção.

O palco é todo montado para permitir esse tipo de entrega: um lugar fechado, escuro e onde é possível manter a concentração no jogo de sons e luzes oferecido por esse tipo de arte. Transmitir sensações reais é portanto característica do cinema. Nossa mente entende dessa forma, sobretudo nos momentos de submersão. 

Filmes como "Enterrado Vivo" possuem essa condição de capturar a plateia. Não pelos subterfúgios escapistas das grandes produções, mas pela situação de tensão oferecida pela história. 

Se o cinema, em si, já é claustrofóbico, imagine uma narrativa onde o protagonista (Ryan Reynolds) passa todo o filme dentro de um caixão fechado, debaixo da terra, com apenas alguns utensílios, entre eles, um isqueiro e um telefone celular. 

No filme, Reynolds é Paul Conroy, norte-americano que trabalha como motorista de caminhão no Iraque. Sequestrado, seus algozes exigem a quantia de 5 milhões de dólares para libertá-lo.É difícil não se envolver pelo drama vivenciado pelo personagem, até mesmo pela competente atuação de Reynolds.

Mesmo sabendo que se trata de mera ficção, o olhar do espectador não se permite desgrudar da tela. A falta de ar, o calor e a sensação de desespero são apenas alguns dos elementos utilizados pelo diretor Rodrigo Cortés para manipular nossas emoções. "Enterrado Vivo" é  uma "experiência" que requer certa preparação para encarar. Não é programa fácil. Depende muito de sua disposição em aceitar ser manipulado.

3 comentários:

ANTONIO NAHUD disse...

Achei bem fraquinho e o Ryan Reynolds deveria mudar de profissão.

www.ofalcaomaltes.blogspot.com

Unknown disse...

Hehhehehe... Achei que ele se saiu bem dentro de uma caixa!

Rodrigo N uso disse...

Aviso: prováveis SPOILERS!!


É na\tural ver a má reação de muita gente. É verdade que o diretor brincou com as espectativas do espectador, especialmente naquele final angustiante. Mas o filme é isso, e no fim das contas, o cinema é isso - a manipulação é inevitável. E a obra também é política, o teor critico é enorme.
As pessoas estão acostumadas a ver o herói escapando de alguma maneira, nos filmes. Isso pode funcionar em outro filme, mas em "enterrado vivo", um desfecho feliz seria incoerencia num filme com tamanha seriedade e compromentimento critico.
É do que se trata a guerra. Os governantes guerreiam simplesmente pelo capital, pelo lucro e pelo domínio. No fim das contas o cidadão comum, de bem, fica a mercê da guerra, no meio do fogo cruzado, tendo como único auxilio de emergência, um celular, um isqueiro, uma faca e uma lanterna. Auxilio humano fica por conta de quem póuco ou quase nada pode fazer, por mais bem intencionado que seja, como o agente anti-sequestro - já que são meras pessoas submissas à burocracia das prioridades capitalistas e imperialistas do sistema governante.
Enfim, o governo não se preocupa com seu cidadão, pois para aquele, este não passa de um numero dentre bilhões. É triste, mas é a pura verdade. Enfim, um puta de um filme sério, como poucos.