sexta-feira, 4 de julho de 2008

Crítica: Valente

Valente (The Brave One, EUA, 2007) levanta fortes questionamentos sobre o papel do cidadão comum que sofre com atos de violência.

Fazer “justiça com as próprias mãos” ou deixar que a polícia se encarregue desse trabalho? No filme de Neil Jordan, Jodie Foster não titubeia e assume esse primeiro posto.

Prestes a casar, Erica Bain (Foster) e seu noivo (Naveen Andrews, o Sayid de Lost) são emboscados e ele morre por espancamento.

Quando volta à ativa, ela passa a ter pesadelos com as lembranças da noite fatídica que mudou a sua vida. Ao procurar saber como anda o seu caso, percebe que a morosidade talvez impeça que os criminosos sejam pegos.

Radialista, ela observa a cidade sob um ângulo diferente. É o que tenta transmitir em seu programa de crônicas urbanas, que sofrem uma metamorfose a partir da experiência de ter sua vida invadida pela violência das grandes cidades, o que ela compara como uma "mudança no DNA das ruas".

Essa mudança é perceptível na transformação por qual passa a personagem, que compra uma arma e, para salvar a pele, ao presenciar um crime num supermercado, mata um bandido e sente que ao fazer isso suas mãos já não tremem mais.


Paralela à história de Erica, acompanhamos Mercer (Terrence Howard), detetive que tenta investigar a sucessão de mortes de bandidos pelas ruas de New York. Alguns vestígios dão conta do envolvimento de Erica. O investigador sabe disso e tenta solucionar o caso mantendo uma proximidade com sua suspeita.

A preocupação de Valente não é fornecer pistas se Erica é ou não é culpada. Disso temos certeza. Sequer temos quaisquer percepções de remorso ou de que suas escolhas estão erradas. Não há, portanto, julgamentos de caráter. Erica Bain é uma cidadã que decidiu limpar a ferida com o sangue de seus algozes. Não existem brechas para criticar sua opção, muito menos alternativas para a personagem.

Isso se comprova no embate final entre Erica, os bandidos e Mercer. A esperada redenção vem por meio da concretização da vingança com a anuência de quem poderia impedir que o ato acontecesse, mas não o faz. Deixando claro que, na impressão de Valente, o cidadão comum tem o direito de combater atos violentos com violência. Uma opção questionável que cabe ao entendimento de cada um.

Cotação 6,0

2 comentários:

Bira Viegas disse...

Caro Raildon,
Parabenizo-lhe pela qualidade do vosso blog.
Excelente!
Um cordial abraço,

Bira Viegas
www.biraviegas.blogspot.com

Anônimo disse...

Raildon.
Esquecí de fazer-lhe um pedido.é o de enviar-me via e-mai, a foto que o amigo tirou choje, na repartição onde trabalho.
Desde já agradecido.

biraviegas@bol.com.br